6.03.2009

Fora de nós mesmos

Fora de nós mesmos



Sentemo-nos nos calhaus da tristeza
Sem folhas secas nos olhos
E espigas cortadas nos dedos
Beijemos a ferida como se fosse a rosa
Que os nossos sentimentos pastem
Como cordeiros fora de nós mesmos
Quando nas ruas de Jerusalém o sol desmaie
Olhemos para trás sem o depois
Descabelando nossas mãos ao sol
Sem pontos de interrogação desfigurando
Faces de homens visivelmente alegres
Que um rio de pedra ainda verta água
Nas vértebras do silêncio que nos deram
Que a pedra seja carne correndo na fonte
Que o ópio alimente barcos vergados de carga
E se primaveras morrerem em nossas pálpebras
Pensemos sem dor que somos de algum berço.


Manuel Feliciano

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