3.18.2010

Sem corpo

Largo o meu corpo pelas ruas
Como uma vela içada ao vento
Como um avião a tocar as nuvens
E fujo do conforto das lojas que se aproximam
E cuspo propagandas metálicas
Que publicitários prometeram regurgitar mortos
Por entre linhas imaginárias
Casuais, mas que toco
O sol, as nuvens, e as estrelas
Não existem
E a terra não é um elemento concreto
Eu mesmo um espectro de vento
Por isso às vezes caminho no céu
E há terra dura nos pés que não suportam enxadas
E glaciares nos meus olhos que impedem pescadores
Que o sol não resgata
Uivos de lobo na minha pele
Há nuvens que choram gritos de dor sobre a estrada
E flores avermelhadas que insistem
Como uma boca que chama
De um horizonte fora de todos os outros
De um sol inexistente que brilha.



Manuel Feliciano

Manuel Feliciano

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