4.18.2010

Elis, conforta-me[...]Dói-me o que não posso!!!!

Hoje tenho o conforto
De ter ido à missa
Disseram-me que aqui
O mundo é uma mentira
Para jogar fora este casaco velho
Por entre os carris da máquina do tempo
Em busca de mim
Em busca do sentido
[...]Preciso de andar, foda-se!
Preciso de andar
Até ao cume mais alto das ilusões
Quem terá a culpa?
Quem fez a puta da culpa
Há sempre um culpado
Porque terá que haver sempre um culpado?
Tanta ferrugem nesta ignição
Que se entranha
Que se alastra
Pelas horas falsas
Que nem como, que nem choro!
Nem sou cálculo matemático
Eu tenho um barco à minha espera
Eu posso ter um barco à minha espera?
Tomem estas ávores e desprendam-nas
Destas ciladas e conluios do diabo
Filho da puta do diabo é sempre o culpado
O diabo das tentações
O diabo dos maus caminhos
O diabo das doenças
Esperem tenham calma não desistam!
Eu quero envenenarar-me com os meus anjos
Quantas vezes me embalaram e eu nem senti
Eu quero aproveitar enquanto os tenho
E vêm sempre naquela hora
Naquela hora em que não somos nada
Como se alguma vez tivessemos sido alguma coisa
Não, por favor! eu não quero voltar a mamar!
Eu cresci e já sou adulto
Eu quero é conhecer a Elis Regina
Eu não tive tempo para ir com essa musa
Num cavalo de orvalho
Entre as mãos e uma tarde
Colher frutos no céu
Sua voz feita em sumo
E eu escorrendo em sua boca
Todo, completamente todo
“Sou capira, pira pora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda o trém da minha vida”
Eu só quero o meu barco
Não o quero de pó, desatem a minha vida!
Na proa sem destino
Tragam-me corpos do nada
Que guardo dentro de mim
Em crepúsculos salivares de trigo!




Manuel Feliciano


http://www.youtube.com/watch?v=dNmqHozOBzE

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