5.07.2010

Chegada ao aeroporto de Lima

Hoje minha alma é aeronave pousada numa pista de cristal
Trago comigo uma árvore despida, porém, com frutos maduros
E uma mala vermelha cheia de astros sem roupa na mão direita
Quem me espera em Lima por detrás de rostos escondidos nas rochas?
Não tenho mais certezas depois do último tango dançado nas estrelas
Já não me basta a tua voz, se não saíres do lado de dentro da janela de vidro
E morderes a cicatriz do tempo com os doces punhais que tragas no peito
E me laves o pó seco do verão, a atravessar-me os pés, com os teus dedos
E ampares meu corpo trémulo de inverno a roçar nas folhas com a tua luz
E consigas vencer os dias em copos vazios na inutilidade da vida
Se não fores a cortina que eu rasgue em sonhos aturdidos em bocas de vulcões
E eu a bala perdida que fez nascer a rosa solar de horas desejadas
Em teu coração onde baixo a cabeça e faço meus rituais de amor sagrado
Eu não sei quem me estará esperando no aeroporto Lima ainda hoje
Se os teus temores, se as suas sombras não forem um jardim onde eu cresço!




Manuel Feliciano

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