8.24.2010

Atenta às minha mãos vazias

Atenta às minha mãos vazias à chuva
Desertas com uma luz que sigo ao centro
Eu não sou mais que a própria chuva
Partindo-se em gozo pelas raízes da terra

Se nos seios me perco como os de vênus
E penso que ser incasto é o Paraíso
Não foram os deuses quem fez o pecado
Nem tão pouco me exigiram ser seu servo

Eu escolho o que é certo ou errado

O deuses não nos deram toda a liberdade
Será que aqui é só para uma bela safra?

Mas isso por si só não é escravatura
Porque a alma vagueia mais que o corpo
E sabem que pecar chega a ser belo
Para quem tem nas mãos a própria alma
Fazer amor confunde-se com o Paraíso

Mas isso os deuses há muito que sabem
Que a carne pode tanto como a alma
E a sua escravatura é a liberdade
Porque não são feitos de carne humana

Ai! se e o mundo fosse só as deusas!
Essas que do Olimpo nos enfeitiçam
Se o mundo se resumisse a um pic-nic
Onde o sexo fosse uma doce sobremesa

Era bom, era bom. Se aqui fosse o Paraíso!

Atenta às minhas mãos vazias com uma luz
Olha que o mundo é só um castelo de areia
Sofrem os inocentes e os mais incautos
Porque aqui em baixo semearam-nos o inferno

E olha que os deuses nunca fariam isto?
Quem fez isto foi a insensatez de um diabo
Que os deuses não punem crianças num berço
Nem mulheres com um coração sangrando!


Manuel Feliciano

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