8.01.2010

Na outra margem rio

Meu amor
depois desta demora
que não fui eu que a escolhi
do outro lado do rio
as águas correm e vão secas
por entre barcos de papel
e aviões de asas quebradas
estradas para lugar nenhum
casas imaginárias
corpos de faz de conta
comboios descarrilados
a genética é mera proxeneta
a ciência é casa inacabada
que não pode contrariar os deuses
a vontade de beijar-te
tornou-se a faixa de Gaza
lugar de difícil acesso
onde a fome é um jardim sem cultivo
rezem por mim por favor
mas não me tragam anjos de barro
tragam-me o princípio sem fim
e a voz de um deus criador
na chuva que cai sobre a terra
Que eu colho-te dentro de mim!



manuel feliciano

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