8.06.2010

Nunca te perdi

Se a vida secou os ramos onde pousamos
Se o sol queimou as flores que eu te dei
Se a vida nas suas voltas nos trocou o fado
E a noite sem estrelas foi somente o que nos deu
Olha que o tanto que ainda não te dei é póstumo
há-de renascer por entre os jardins dos céus
Porque eu dei tudo e cantei nas asas de condores
Se a chuva destroçou a casa da minha alma
Eu não virei areia e fui muito mais que um anjo
Eu não culpei os deuses e caminhei sem pernas
Agora o teu sorriso abre-se na minha boca
Semeia árvores e rios na escurdidão sem lume
Que os dedos das tuas mãos da noite me abrigaram
agora sou barco de brisa no azul das tuas veias
E o pó com que os deuses criaram este cosmus
E a sede lamentando nos gomos em sangue na tua boca
Sou o princípio sem fim e criança dormindo no teu colo
Que aguarda o teu seio como a terra o sol na manhã
Somos mais que irmãos e imortais sem o fim no horizonte
Tecido da tua alma e a origem da força transcendente
Amor eu estou com fome e vou colher frutos nos teus cabelos
Descansemos em paz que não há lonjura que me pertube
Se só somos um todo que há tantos anos os deuses criaram
Não choremos como loucos tu és-me a parte que não tenho!



manuel feliciano

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