8.10.2010

O quanto um olhar esconde

Por dentro dos seus olhos concavos do céu
Os olhos da Primavera cantam-lhe em pássaros
O rio Paraná parece correr-lhe por entre os braços
E a sua cara de lua Cheia dá de beber água às almas
Na sua paz aparente, os seus cabelos, qual árvore nidificada?
E os seus seios são aves que escondem mistérios da vida
Sorri com seus dentes alvos, mas quantas vezes é só chuva?
Enquanto engulo o pó da estrada e voo mesmo sem asas
Por dentro os seus olhos têm o sangue do negro da Senzala
A guerra do Vietname é uma flor em rebento na garganta
As mães da Palestina choram-lhe os filhos - bomba nos seios
A Bomba de heroshima deixou-a orfã dos seus sonhos
As suas mãos tão quentes tomou-as um soldado da guerra fria
De que vale o amor se o muro de Berlim ainda permanece
E o holocausto é a paisagem que lhe dão para um pic-nic.


manuel feliciano

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