8.15.2010

A realidade é só ilusão

Diz-me que não! que este corpo não é mentira
Que esta rua não é um canal em Veneza
que estes pés não andam em cima da corda bamba
e que estas mãos não são flores no pó da terra
onde mil homens andam a colher laranjas
sem cordas que os prendem pelo pescoço
que se escaparam desta prisão já sem ferros
destas hienas que mordem e não se vêem
vamos fugir sem pernas do agora em delírio
que eu faço da traça a coragem desmedida
não quero mapas que há caminhos sem destino
dá-me a outra parte do resto que ainda me falta
não quero comer o pouco ou nada que a vida quer
digo aos meus olhos voem e sejam borboletas
danço um tango com o corpo jogado fora
planto ervilhas fora da órbita deste mundo
como talhadas de melancia na luz da lua
e lanço sementes sobre sonhos cobertos de areia
onde a morte é véu de um beijo de um eterno gozo
não me procures que a minha alma não tem registo
só sou uma pedra dura e fria com alma de anjo.



manuel feliciano

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