8.02.2010

Vou mesmo sem mar

A terra está ferida
e os ossos dos desejos quebrados
e eu quero ir mais longe
até ao mais alto céu
porque cá em baixo não há anjos
estamos em hora de ponta
na avenida o trânsito manca
e as leis do meu país
são a verdura do joio
que excomunga o povo
e o manda p'ro caralho
ver o sol à janela
como um veleiro sem vela
deram-me pedras por sol
deram-me pó pela água
e eu vou fumar um cigarro
talvez por cima de uma tumba
porque já estou enterrado
embora minha alma não jaza
porque tu esperas por mim
e os andes são a minha alma
onde lavas os cabelos
alegras-te, choras e ris
eu sigo mesmo em frente
num barco navegando na areia
terei eu que assumir
ser o próprio universo
sem o bicho da madeira
e rir-me da escravatura?



manuel feliciano

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