9.18.2010

Delírios com a Giovanna

Quando eu te tenho
Com os lábios enroscados
Sabes-me a fogo
Um passarinho canta-me
Na boca
E a chuva brota
Tenras flores da Primavera.

Tu sabes bem
Que nosso peito se incendeia
Mas é só um rio que clareia
Um arco-íris
De hienas descendo ao tronco
E os meus dedos
Navios nos teus flancos.

A sombra brilha
Na tua ilha doce rubra
Como-te os frutos
Que não se vêem
E sabem-me a anjos serenos
Que me estão tão presentes
Como a brisa
Por entre as brumas
Que só são botões de rosas.


Há mil fontes
Que brotam
Por entre lugares secos
Das mãos aos pés
Tu és uma guitarra
Chorando mel
E eu o verão
No teu corpo antecipado.

E as estátuas acordam
Dentro de nosso sono
E o inferno
Sabe-nos ao azul do céu
E a gritos mordidos
Na minha língua
Espada de uma guerra
Sem sangue.

Vamos em frente
Pelo mar dos teus cabelos
Os nossos gemidos
São um farol
Até que as tuas ancas
Sejam meu Porto
E me amarres
como quem me desprende
Eu adormeça em ti
Como um desejo
Já mordido e insatisfeito
Mas sem âncora, mar adentro.


manuel feliciano

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