9.20.2010

Homem antitético

Não vivas só por viver,
Não digas só por dizer,
Não ames só por amar,

Não queiras ser só mais um,
Como quem é nenhum,
E pensa ser muito mais,
Que uma gota de orvalho.

Rio sem boca.
Rio sem braços.
Rio sem sexo.

Olhar minifundiário.

Correndo sem ter leito
Atravessando
A rua branca de lodo
Para se fundir no mar
Como um abraço que se desfaz.

Onde a laranja amarela
É pútrida.
Farol na costa.
Nasceu na árvore sem flor
Sem qualquer abundância.

E os barcos soluçam à espera
Da profundeza das águas
Das montanhas submersas.



manuel feliciano

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