O amor tem mais que quatro letras
É uma fonte que queima no rosto do escuro
Não se escreve nem se desenha porque não há tinta
Com que se possa sequer fazer o vulto da palavra
Amor escreve-se com beijos em corais na boca
Amor planta-se com abraços nas ilhas dos seios
Amor sou eu e tu sobre canhões enferrujados
É fazer da ausência um cais que me espera
É a palmeira que cresce e rasga a areia infecunda
Sou quando corro sem os limites do meu corpo
Me crucifico sem qualquer dor a ferro e fogo
Me dou inteiro como árvore num rio nos pés da foz!
manuel felciano
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