9.25.2010

O poeta

O poeta vai ao céu do abismo
Nas asas quentes de girassóis
Por cima da estratosfera
Com um colete-de-forças
Com os pés pousados na terra.

Com costas feitas em lata
Para dar a volta ao mundo
Colher os frutos nas têmporas
Nos ramos secos das estrelas
Tocar as pálpebras do mistério.

E em múltiplas visões
Corpos erguem-se das águas
Convertendo-se em neve
Para no sol comerem raios
E no fogo beberem água
E depois irem ao inferno
Para se queimarem no céu.

E ao mar para abraçar o ventre
E à lua para sentir o chão
E com remendos nos olhos
Traz tudo no bolso das calças
Misérias do abandono de um cão.

Silêncios com a força de um Deus
Vozes no escombro das lágrimas
Cantando canções ao vento
Nos fósforos de toda a emoção
Que ardem nos beijos da chuva
Traz consigo o que não lhe deram.


manuel feliciano

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