9.26.2010

Viagem do sexo

Espero-te na janela húmida e fresca. Ao tesão fresco de uma vela
Acesa a refrescar-te o rosto. Um campo de sementes gotejantes
Eléctricos dedos que buscam aberturas e aconchegar-se na fogueira
Como videiras com sede lambendo a ardósia dos socalcos do Douro
Letárgico como as folhas maduras no Outono caídas a teus pés
Ânsia de um campo rubro de papoilas. Em línguas naufragantes
Na brisa ardente do trigo. Nas águas que descem por planaltos
Pelos caminhos silentes e abandonados em espasmos de coxas
E o coração presente junto ao cume dos seios e a alma evanescente
Peixes correm-nos em abundância e pulam no leito do útero
E inauguramos a viagem em gemidos sem a qual não somos homens.


manuel feliciano

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