10.14.2010

Em abandono

Meu amor. Digo-te deserto como um beijo
Despido sem segredos na árvore do Outono
Está na hora de sermos, como quem se abandona
E nasce inteiramente para as coisas
Como pássaros bordados de saliva nos ombros
Folhas rosadas na brisa da pele
Pés nas conchas da areia
Silêncio húmido dos peixes
A voz gretada nas rochas
A rouquidão na vaga das pernas
Espasmos nas colinas com oferendas aos deuses
Sementes no texto das ervas sempre a cada abraço.


manuel feliciano

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