10.24.2010

Pseudo modernidade

Uma galinha com as patas sujas no charco
Come entontecida e cacareja ao som do milho
E os dias correm-lhe como um rio sossegado
Mas a sua alma não tem umbrais esfomeados
Pelas pegadas que o mar rouba sobre a areia
Nem vacas de nuvens que pastam nas alturas
Ou rochas do mar onde se ergue uma sereia
O nevoeiro que o sol desata numa gaivota
A consciência tocando as cordas dos músculos
A bomba moribunda desactivada com beijos
A lágrima salgada desaguando em bons ombros
E a fome ceifada nos ventres por todos os covardes
Porém, não conhecem a gástrica flor da hipocrisia
Nem a sofisticação viril da pseudo modernidade
Nas galerias da estupidez do ódio e da maldade
De homens que têm mãos e continuam amputados.


manuel feliciano

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