11.02.2010

Ad aeternum

Que os barcos rasguem os braços de pedra
A ave voe na folha seca da língua
O sol consuma o vírus do mundo
A chuva bata na janela feita um anjo
E me quebre o vidro escuro da alma
E o céu só seja uma pequena formiga
Caminhando no celeiro das minhas mãos
E as estrelas os passos do meu pensamento
Que as flores brancas não cheirem a sangue
Não aos teus seios esculpidos em mármore
Quero uma arma nas asas de uma pomba
Ser bala de orvalho que extingue feridas
Quero nascer na cortina do fim
Ir de mãos dadas com o arco-íris
Onde a manhã desfaz letras de ódio
No berço quente da cama das ervas
Onde os deuses têm corpos tão claros
Numa boca cega que me mostre impossíveis!

poeta manuel feliciano

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