4.07.2011

Almas gémeas

Eu e o meu pensamento

Somos duas pessoas

Embrionárias de sol

De mãos dadas rua abaixo

E o acto de pensar

É uma faina de gente

E o meu coração

É uma mulher donzela

Lançando-me olhares

Em cada esquina da vida

Na promessa de peixes

Aturdidos num beijo

Perdoem-me todos aqueles

Que são escravos da carne

Os que não se encontram

Na cápsula de si mesmos

Como as coisas ganham

Um trago amargo se as toco

Só os braços ao longe me consolam

Eu que não sei nada da chuva

Depois que a terra com amor a sulca

Quanto menos tenho mais sinto as coisas

Como me assassinas com a saliva nos lábios

Para mim basta-me a ideia de um beijo

Porque a ideia de um beijo é um rio de coisas

E um beijo quando dado é a morte de tudo

Só o impossível me arde e me afaga

E é o único Deus que me transforma o mundo.







Manuel Feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário