4.15.2011

Dias improváveis

Da vida eu não sei nada

Mas este nada é da força das árvores ancestrais





Se as flores não choram

Em mim choraram tudo

Se não sorriem

Em mim sorriram tudo



E a terra meu amor

A terra de que todos temos medo

A terra não nos consome o sorriso

Nem os sonhos

Nem a ternura com que trocamos

Beijos na fonte

E a terra só é fonte e beijos

Um lugar cheio de lugares um não para todo o sim

A vida é o sentir das coisas

A vida dispensa todo o corpo

A vida é sempre que Deus queira



A vida não tem muros que a impeçam

E algemas que a agarrem



Ah maçãs, doces maçãs!

Que morreis para o amor da vida

Na vermelhidão das bocas

Alguém sabe alguma coisa sobre maçãs?

Quando a humidade do sumo procura a língua

E atravessamos todo o rio da eternidade



Alguém as saboreia de facto

E engole a brisa que lambe a ânsia?

Quando serpenteamos lugares com os olhos fechados

E seguimos veredas sem qualquer corpo

No êxtase sagrado dos sentidos

Há uma verdade que nos fala sem boca

E desaguamos nas coisas improváveis

Como se o amor desprenda os ferros

Como se a voz se prolongue



Ai tenho os meus olhos cheios de um grito de luz

De gente cheia de vida

Que a escuridão aborta

A atravessar o dorso da montanha como o sol

E dói

E sabe a dias incontáveis

Ai ânsia do que não morre

É urgente que mos sintas.

manuel feliciano

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