4.29.2011

Estrada adentro

É agora é que eu preciso de uma rua na minha garganta



E que tu ma possas pisar até doer...



Que a sola húmida dos sapatos

Que usas cor de rosa

Igual às rosas que gemem sempre em todas as primaveras

Sejam veados livres pastando na minha pele

Cheia de erva e pasto





E a tua respiração

A estrada repleta da carne do chão

Onde eu ouço as bocas que afinal





Não morreram





Acredita comigo



Que a minha garganta é a mesma das pedras da tua rua





Que as luzes todas que escutas é o mar

E o mar é a tua voz



E a tua voz sou eu contigo

O sol e a noite

A noite e o sol

Todos os dias na poeira dos ósculos que os rios engolem

Pela minha garganta até ao estômago

Sedento de peixes



Enleados aos teus ouvidos

Que é o nosso céu e as nuvens

Mortas por chover

Como couves mirradas por água



Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

Não fiques à espera de nada

Espera como quem corre para os meus braços

Rebentado ainda mesmo no Inverno das árvores

Nos desertos onde os barcos não crêem



Mas eu creio em ti meu amor

Como é que eu te posso dizer que creio em ti sem joio

Que as minhas pernas tolhidas

Estão cheias de um oceano mais alto que céu

E as minhas lágrimas estão cheias da tua cara

E que a tua alma agoniada

É um veleiro que me pesa e arde no cérebro

O sangue alimentando as estrelas







Mas pisas-me, pisa-me

Sempre que fores à missa ao Domingo

Não te esqueças que eu sou uma parte do domingo

E que os dias não teriam o mesmo sentido se não fossem pisados.



manuel feliciano

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