4.18.2011

laivos de liberdade

A liberdade sabe-me a uma mulher cheia de frutos

E quando os toco

os saltos

abundam-me por inteiro na garganta.

E o tronco a desaparecer nos olhos é o sol

E o vestido a elevar-se em estrelas é uma brisa

E a unhas cravadas na carne é o céu

E os morangos esmagados entre os dentes

É um avião pousado na água

E a flor a abrir-se é um grito de ferro

Na popa azul de um navio

A culpa é do mundo

Pediram-me para ser livre lavrando os meus próprio ombros

Desenhando a vênus de cristal com o meu suor

Esculpindo desejos nas pálpebras douradas

Pediram-me para ser libre

Fazendo de conta que ela existe

E o meu corpo é toda uma gaiola aberta

E o meu pensamento é uma dançarina nas nuvens

E a liberdade é só para aqueles que brincam

Ainda com as mãos tenras de pétalas

Em asas desencontradas

E vão sempre em frente como quem se refugia no útero

Iguais a si mesmos

Contra palavras

E vozes

E gestos endurecidos na terra

E pensamentos atados aos cornos de um bói

Mordendo em arados.

Que em nada acendem este luar de Inverno!







manuel feliciano

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