4.08.2011

A menina da pastelaria

A menina da pastelaria

Que me vendia pasteis

Na seda fresca das manhãs

Perguntava-me a sorrir

Se eu queria o pastel de sempre



E as suas mãos

Eram uma prisão

E os seus olhos

Candelabros por acender

E o seu corpo

A raíz quadrada da flor



Mas no mar

Que lhe trasbordava da boca

Eu e ela

Molhamos as mãos e os pés

Saltamos as pedras

E desatamos lágrimas

Dissemos não

Às árvores de aço

E choramos mel

Nos olhos sôfregos de amor





E eu nunca soube

Quem era a menina

Da pastelaria

Nem tão pouco a vi

No jardim da vida

Senão na farinha

Húmida do meu ser.







manuel feliciano

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