4.10.2011

Metade de mim

Não sabes o quanto me custa esta verdade

Mas metade de ti eu já tenho

Os meus olhos andam loucos

Como duas fontes cheias de sede

Se a tua face não vêem

Com a mesma verdade que o trigo

Incendeia a terra

Assim a minha boca to quer escrever

Sem ti tenho o desprazer de ver nas árvores

Uma mera chuva destrutiva

E nos jardins sombras de sonhos

E eu sei que os meus cabelos estão vergados de amor

E como tu aqueces a paisagem

E estrangulas o tempo

E desenhas andorinhas na minha boca

Guarda o meu olhar puro e pobre

E as noites serão perfeitas

Mesmo com a morte

Mas não me dês nada

Diz-me só com os olhos cegos que me amas

E deixa que as minhas pálpebras

Desinchem no teu umbigo

A tumefação das caravelas no mar

Sem gestos que quebrem a tua aura

Também não te canses com as palvras

Deixa só o teu perfume cantar canções

Porque eu tenho medo se não me olhares

De provavelmente nunca ter nascido.




manuel feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário