5.21.2011

Água

A água corre

Desprendida das formas

E há sol

E árvores líquidas

Que correm

Em palavras, sonhos e seres

A cada gota

Labial

Que diz tudo sem embaraço



E as pedras

Na laringe da água

Árvore

Fruto

Gesto por ser

E mãos cegamente maduras Disfarçadas

Submissas

Inconscientes Velhas

Náufragas no verbo podre de madeira

A adolar o bolor da lúxuria da imagem

Rendido ao pó que unge toda a cabeça

E os pés no mar em toques de piano

A desviar toda a torrente



É a pedra

O próprio homem

Génio da sua sombra

Alma sem propósito

Servo da riqueza





E a água ? A agua não tropeça

A água… ai como dói esta água pura

A cheirar a alfazema

Num colo de carne

A água que vê tudo

A água que ouve tudo

A água que não disfarça Sem assombro

A água que sente rumo às estrelas

Que as próprias mãos não agarram

E chega bem alto porque se basta.



manuel feliciano

1 comentário:

  1. Gostei muito! Ao ler, fiz em minha cabeça a imagem do poema, da água, da árvore. E a comparação do homem com a pedra foi realmente lógica.
    Tamanha a sua sensibilidade, meus parabéns!

    Abraço!

    Ingridy

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