5.04.2011

A angústia

Disse-me que havia um jardim

Onde os ramos eram rouxos

E que os desejos doiam

Mais que as cicatrizes da carne

E o sol ensopado de noite

Sabia à brancura dos frutos

E só a beleza escoava

Na dor azul tão réptil

Mas que as pálpebras inflamadas

Embora maduras para a apanha

Fazem parte de outro Outono

E que os pássaros eram outros no diadema do sangue

Que cinge a sua cabeça.



E quando a espuma lhe abraça a cara

E quando o sal é flor vermelha





O frio é árvore que abraça

O sulco dos olhos jardim

E a terra negra uma estrela

O único cérebro do corpo.





manuel feliciano

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