5.18.2011

Giesta

Sou do abismo da Luz

Não existo

Só sinto

Giesta no verde monte

Sem sono

E pomar a crescer

Com frutos ilegíveis



Fora das unhas pintadas

Do morro da inteligência

Na cabeça dos fósforos

Palavra desoxigenada



Sou de outras pedras

De outro tempo!

De um vazio cheio de amanhã

E um ontem por nascer



Não tenho nacionalidade

Não tenho pátria



Não sofro de Mouros conquistados

Nem de Caravelas quinhentistas

Nos pulmões da água



Sou a própria caravela

Sem mundo e história

Mar florido da giesta

A arder-me por todo



Enquanto o mundo quebra

Não sabe de si nem das ervas

Reluz em bocas tão cegas

E as ervas são a minha pátria



Porque as ervas nunca se cegam

Com as sementes e os pássaros

Os rios envoltos em estrelas

E o sol nas mãos de outros seres.







manuel feliciano

1 comentário:

  1. O lirismo contundente de sempre e versos sempre bem traçados e absolutamente isento de qualquer clichê. É isso que me atrai em seus escritos. Precisaria ser mais divulgado o seu trabalho.

    Mais um excelente poema.

    Abraço!

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