6.15.2011

Olha a Lua

Olha a lua, olha a lua, doce amada

Nuvens na paciência

Azul na boca

Tem carne sim, tem carne a lua

Com todo o brilho no mar do céu

E não tropeça sequer nas nuvens

Porque é de rosa o coração.



Lá vai sozinha e às voltas

Como o poeta esta lua

As pernas encravadas só são asas

Escorrendo toda a luz na exaustão

E na escuridão inerte de aço

Supera as loucas fases

O medo e a sombra

Do golpe da faca espetado

No peito ancorado do branco chão

E nem sequer a lua se transfigura

Porque a colheita é só primavera

De riso e choro todo o corpo

Da sobrenatural trasmutação.



Revolve e canta com alegria

O mar dourado dentro do útero

Semente na língua toda para o espaço

Frias as estrelas nas rugas das faces

Na cânfora do gelo a arder na mente

Lambe as frieiras e nunca se esconde

O dias expandem-se na garganta estreita

E vai com o norte e sul aos pedaços

Nos ombros todos na dianteira da proa

Dar as mãos à vida sem nunca olhar morte.





Manuel Feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário