11.17.2012

À minha Pátria

Só Tu és a minha terra
O meu idioma.
Eu não sei de que terra sou
Que idioma falo
Quando te beijo – amor
Levanto a neblina
Solto os rios adormecidos
De nuvem sobre os braços

Deito a minha cabeça contra os teus ombros
Bebo luas de trigo nos teus cabelos
Que os meus dedos desfolham
Semeio sêmola de barco nos teus lábios

Sonho o mar que soluça
Na tua garganta – entre duas falésias
E desancoro o túmulo ardente dos pinheiros
A voz molhada de caranguejos e duna

No meu olhar perdido e soberano
Acho-te
vestida de abraços e beijos
Ao clarear da aurora
Desovam-me flores e equinócios de pássaros

Neste país despido
como uma árvore de Inverno
Tu dás todas as flores
Neste bravio de pedra
Que o sol molha nos corais da boca
Tu ainda és o céu
Da minha terra e idioma
O meu amor. A minha Causa.

Manuel Feliciano

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