12.03.2012

Tenho sede da clareza do teu corpo,
Onde se afogam todos os segredos
Na seda da palavras
Quentes e trémulas
É noite de um veleiro no mar e toda a verdade se esconde
Nos meus lábios dentro dos teus num crepúsculo
Os meus braços entram no teu cálice
Depois de entornados
E em mim inclina-se a força do amor que palpita
O soluço de uma erva violada
Pela carícia do vento quente
As areias definitivamente compõe-se
No pólen de uma rosa com asas
A espuma branca das palavras voltam ao mar
A luz para a vela que ardeu na sombra
Tenho sede dessa tua boca molhada de sal
Que ainda só é parede junto ao barco
Das pétalas das flores que já arderam e ainda estão tenras
No medo de não ser libre corro
sinto os teus ombros molhados
as primeiras abelhas a sair dos favos
como um milagre
da espada a rasgar o fogo
e a minha boca a desfazer-se em sementes
Pelo cheiro da tua pele
Dentro da minha, uma palavra cheia de sangue a cortar-me.

manuel feliciano

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