2.03.2014

No mais fundo de mim
há um seio arrancado da minha boca
um rio seco a transbordar de rosas
sou canto de pardal ou névoa
és tu no intimo dos meus olhos
de cabelos virgens que tomo com as mãos
e a tua boca a escorrer-me no rosto
como uma maçã madura contra o vento e larva
que leva as mãos fora do peito
e traz o deserto das sílabas na carícia ...
tu a ires-te embora
pelas pálpebras doridas
por um caminho longe a entrares-me no corpo
a seres mais flor
mais dia húmido do teu beijo
a aleijares-me a carne
só chão onde me perco.

MF

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