5.31.2014

Talvez eu nunca amasse
e o meu coração um barco
dentro do teu mar

Talvez eu nunca ouvisse
E os meus ouvidos
a tua boca a chorar de amor

Talvez eu nunca visse
os meus próprios olhos
As tuas sobrancelhas num jardim

talvez eu nunca andasse
fosse o peso dos teus pés
na minha boca a florir

talvez eu nunca fosse
E a minha própria sombra
o teu corpo chão que dá pão

talvez eu  nunca nascesse
E tu saliva e chuva
Envolta na minha carne

Talvez eu nunca morresse
E tu fosses o outro espaço
a outra altura do meu ar

talvez eu nunca existisse
E dentro de mim amanhã
As tuas mãos sol a nascer

Talvez eu não fosse a solidão
mas um pouco dos teus lábios
Juntos dos meus a arder.

manuel feliciano

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